sábado, 21 de junho de 2008

Sociedade da Informação e Educação

O artigo enfoca a instabilidade na relação com a fortuna (relação infortunada). Os ganhos de produtividade possíveis graças à informação e seus instrumentos, tornam as nações e pessoas ricas, mais ricas e privilegiadas. Os países e pessoas pobres não crescem porque ubutilizam os recursos da informação, pois estes não estão ao seu alcance. A brecha entre ricos e pobres tende a aumentar.

A dinâmica da sociedade golobal baseia-se na concentração de rendas e oportunidades e caso não se construam instrumentos para modificá-la, a exclusão infelizmente aumentará. A atual situação do Estado é de uma condição de fragilidade por causa do desmonte neoliberal. A escola pública talvez possa ser considerada como uma das últimas estruturas governamentais capaz de realizar uma intervenção social, pela ingresso no mercado de trabalho e propiciar às coletividades instrumentos de inserção social. Mas, também cabe-lhe o papel de questionar as regras do jogo e não somente responder às demandas de qualificação. Isto, implica em formar a capacidade de questionamento, de auto-aprendizado, de julgamento no cidadão criando instrumentos para se questionar o modelo de distribuição de renda proposto pelas grandes potências e aceito pelas elites nacionais.

Para a escola ser inclusiva, precisamos entender e situar os fundamentos da economia de mercado e como surgiu a globalização e o neoliberalismo. O capitalismo, segundo Marx, baseia-se no investimento da produção para produzir melhor e com o menor custo, visando a competitividade que se espelha nas atividades de vender muito e recuperar o custo da produção no lucro por unidade. Estas práticas levaram à conquista e o mapeamento de todo o globo terrestre (prenúncio da globalização). Num dado momento, os novos mercados findaram-se ou diminuíram bastante suas oportunidades. O sistema capitalista gestou mecanismos para lidar com as crises de superprodução: a guerra e a recessão econômica, objetivando a destruição das forças produtivas para posterior construção. A guerra foi a melhor opção, porque a recessão econômica pode levar o capitalista a perder a sua empresa conforme o tamanho da crise.

A guerra proporcionou ao sistema capitalista: o domínio do planeta e a resolução das disputas comerciais, disputa por novos mercados e conquista militar dos mesmos mercados. Apresentou algumas contradições: adesão de um terço da população do globo no pós-guerra à economia planificada e a coletivização das forças produtivas (países socialistas do leste europeu) deixando de ser um mercado disponível; a ampliação da capacidade de destruição devido a ampliação da capacidade tecnológica colocando em xeque a existência da humanidade.
A economia de mercado se desenvolveu historicamente pela perda da hegemonia da Inglaterra e da França na Europa e o acesso às antigas colônias deste continente. Houve o ascenso econômico até meados da década de 70, encerrando com a crise do petróleo nos fins dos anos 70 e anos 80. Os mecanismo para lidar com as novas questões do capitalismo foram o neoliberalismo e a globalização tendo como ferramenta valiosa a tecnologia da informação. O objetivo é a recolonização dos países de terceiro mundo pela via econômica e menos pela militar. (pg. 10)

Um dos sustentáculos da economia global é a especulação financeira. O capital financeiro é a parte do lucro que o capitalista (dono do capital) toma para si e para o seu bem-estar. Passou depois a emprestar o excedente monetário para outros capitalistas poderem financiar as suas produções. A especulação financeira pode significar a total falência econômica ou a conquista de novos mercados pela transmissão de capitais de um lugar a outro, assim, ocorreu a intervenção dos Estados Nacionais nos mercados financeiros visando a sobrevivência das economias, porque os capitais começaram a fluir de uma economia para outra rapidamente num mercado global. (pg.10-11)

O Neoliberalismo foi reinventado para lidar com as crises econômicas. Os países precursores foram a Inglaterra e os Estados Unidos retomando conceitos econômicos do século XIX que pregavam a ausência total do Estado nos mercados. Uma das suas conseqüências negativas é que a abertura total das economias para o capital levou setores produtivos de economias menos desenvolvidas a serem riscadas do mapa pela entrada de produtos importados, conseqüentemente o fenômeno da globalização se tornou um mecanismo para a abertura de economias fechadas e de empresas estatais às grandes potências. (pg. 11)

“O que é fundamental nessa estrutura industrial bem ao estilo de uma teia, é que ela está disseminada pelos territórios em todo o globo e sua geometria muda constantemente no todo e em cada unidade individual”. (apud, pg. 12 – CASTELLS, 1999, p.114)


O autor compara a sociedade da informação com o livro de Aldous Huyley intitulado “Admirável Mundo Novo” (1931) que trata de uma fábula futurista relatando uma sociedade completamente organizada sob um sistema científico de castas. Nela não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento. A servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química e ortodoxias; e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono (www.urutagua.uem.br/ru10). A informação passou a ser um instrumento basilar na busca pelo lucro e as ferramentas informacionais ajudam a trafegar a informação com a conotação de valor econômico. (pg. 12) Nisso, houve reduções de custos pela aplicação intensiva da informação e o deslocamento de poder. Os instrumentos de geração de riquezas se deslocam para os segmentos da economia que se utilizam intensivamente da informação. Vários setores sociais entraram rapidamente em uma perigosa dinâmica de obsolescência funcional.

Repetiu-se as manifestações do deslocamento de poder de todas as transformações econômicas anteriores: das sociedades nômades para as agrárias e a disputa pela terra; da revolução industrial que deslocou o homem do campo para as cidades e da sociedade da informação que deslocou o poder da indústria para a sociedade informacional. Esta última transformação gerou o aumento de profissões relacionadas ao intensivo uso da informação, constituindo uma “elite informacional” e de outro lado o aumento de atividades com pouco uso da informação e pouco valor econômico, empregos precários, pouco remunerados e com quase nenhuma garantia social.

Nesse sentido, o capital, reserva à escola, mais uma vez, o papel de formadora de mão-de-obra, porém ao se deslocar do viés tecnicista e profissionalizante, pode fazer das tecnologias digitais instrumentos que possibilitem grandes transformações nas relações de ensino e aprendizagem. As necessidades educacionais devem vir antes da indústria da informática e sua necessidade de vendas.Antes de tudo, o grande desafio colocado para a escola pública é a subordinação das ferramentas informacionais ao projeto político-pedagógico que se constrói dentro das mesmas. É a partir do projeto político-pedagógico que podemos tecer os fundamentos de para quê e como aplicar a tecnologia. (pg. 18)

O caminho para a construção de uma sociedade mais igualitária, em tempos de sociedade de informação, é o caminho de uma escola que represente a possibilidade de construção e reprodução de uma política em que os valores sociais sejam o tema central; o elo de continuidade cultural, de transmissora e construtora de cultura, não perpetuando a lógica invertida em que as vítimas de exclusão são postas pelo capital como as responsáveis pela sua própria exclusão. (pg. 18)
O autor afirma que a partir da informação, podemos ampliar as possibilidades da palavra aprender, e este aprender, desde que subordinado às necessidades do homem, pode realmente mudar o mundo, como já o fez tantas vezes. (pg. 20)
Referência:
BRITO, Vladimir de Paula. Sociedade da informação e educação. Belo Horizonte, p. 6-21, dez.2001. Disponível em http://www.pbh.gov.br/ > Acesso em 24/02/2008.

Nenhum comentário: