sábado, 5 de julho de 2008

Mídia e Educação

BELLONI, Maria Luiza. O que é Mídia-Educação? Campinas, SP: Autores Associados, 2001. (Coleção Polêmicas do nosso tempo).

Conceitos iniciais:
• aspectos da integração das tecnologias de informação e comunicação (TIC) aos processos educacionais;
• a idéia da essencialidade da educação para as mídias como instrumento fundamental para a democratização das oportunidades educacionais e do acesso ao saber e, portanto, da redução das desigualdades.

1) A Cibercultura e a Metáfora do Impacto
• metáforas vêm se sucedendo na tentativa de representar os efeitos das técnicas eletrônicas de comunicação sobre os modos de produção e reprodução da vida social;
• grandes mutações na educação (Mc Luhan, 1968 e Lima, 1971); parábola do texto de Fedro (Platão) Esta parábola, discute o impacto da invenção da técnica sobre a inteligência e a memória do ser humano;

•Braudrillard: o sucesso da realidade virtual com sua idéia de simulacro;

•Lucien Sfez, identifica 3 grandes metáforas:
Ø representar ou a máquina (o homem domina a máquina):os primórdios do cinema (otimismo ingênuo – herança séc. XIX );
Ø exprimir ou o organismo: organismo corresponde ao otimismo tecnicista – expansão do capitalismo após 2ª Guerra e advento e disseminação da televisão;
Ø confundir ou o Frankenstein (criatura que escapa ao controle de seu criador): representa um visão apocalíptica e pessimista do desenvolvimento desenfreado das novas tecnologias da informação – inteligência artificial redutora da inteligência humana.

•metáforas da imersão, da simbiose ou da navegação, relacionadas diretamente com as diferentes formas ou meios técnicos de interatividade;

•G. Friedmann (1977), “meio ambiente técnico, caracterizado pela tecnificação crescente no mundo do trabalho e em outras esferas da vida social (lazer, cultura das relações pessoais);

•os meios de comunicação constituíam uma escola paralela, através da qual crianças e adultos, estariam aprendendo conteúdos mais interessantes e atraentes do que os da escola convencional (Porcher, 1977);

•o essencial da questão: as tecnologias são mais do que meras ferramentas a serviço do ser humano (modificam o ser humano em direções desconhecidas e talvez perigosas para a humanidade);

•Pierre Lévy e “sociotécnica”, consideram inadequada a metáfora do impacto;

•Em contraponto o impacto ajuda-nos a compreender os desafios colocados aos sistemas educacionais pela difusão em larga escala das TIC;
•A escola ainda não absorveu totalmente as tecnologias eletrônicas de comunicação;
•A entrada das TIC nas escolas ocorre sobretudo como resultado da pressão do mercado;defasagem com relação às demandas sociais e à cultura das gerações mais jovens;
•o impacto das TIC na cultura jovem, caso perceptível a analisarmos a violência juvenil na escola.

Impossível negar a noção de impacto das tecnologias, principalmente quando jovens estão reproduzindo comportamentos estereotipados tirados diretamente de algum produto desta indústria que se diz “cultural”, chamada por S. Turkle de “cultura da simulação”.

2) A Sociedade Digitalizada
•O desenvolvimento acelerado das TIC deve-se essencialmente a três fenômenos:
•a miniaturização possibilitou a baixa dos custos e a difusão de massa das TIC;
•larga penetração na vida cotidiana tanto no mundo do trabalho como na esfera do lazer;
•as redes multiplicam as capacidades de transporte de uma quantidade enorme de informação banalizadas;
•mercado muito promissor;
•a digitalização, estabelecendo escala única de quantificação, possibilitando a tarificação de todas as informações.

•A informação é uma nova moeda de troca/valor, tão importante quanto o dinheiro; Na revolução tecnológica, porém, a grande ausência é justamente a informação nova e relevante;
•As TIC avançaram mais rapidamente do que a própria informação;
•Problemas das necessidades novas, dos conteúdos a ser criados e dos novos usos que estão sendo inventados.

•TIC são o resultado da fusão de 03 grandes vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas;
•o impacto dessas tecnologias nas sociedade e suas instituições: é preciso valoriza o mundo real dos sujeitos, considerá-los como protagonistas de sua história e não como “receptores” de mensagens e consumidores de produtos culturais;
•a noção de impacto como uma força externa ao sujeito que o modifica, porém a direção e a intensidade não estão contidas nas virtualidades das técnicas, mas dependem das opções políticas da sociedade.

3) Tecnologias e Educação
•As sociedades contemporâneas;um novo tipo de indivíduo e de trabalhador em todos os setores sociais e econômicos:
•dotados de competências técnicas múltiplas, habilidade no trabalho em equipe, capacidade de aprender de adaptar-se a situações novas.

•Os desafios para os sistemas educacionais:

•na formação inicial: reformular radicalmente currículos e métodos de ensino, enfatizando habilidades de aprendizagem e a interdisciplinaridade, sem negligenciar a formação do espírito científico e das competências de pesquisa, além de atender as demandas crescente de formação ao longo da vida
•as mudanças deverão ocorrer no sentido de aumentar a oferta de oportunidades de acesso e, ao mesmo tempo, diversificar esta oferta de modo a adaptá-la às novas demandas.

•a formação ao longo da vida: os sistemas de educação terão necessariamente que expandir sua oferta de serviços, ampliando seu efetivos de estudantes em formação inicial e criando novas ofertas de formação continuada.

•será necessário criar outros processos e métodos de trabalho que aumentem a produtividade dos sistemas –investimento em tecnologias novas e adequadas. Isso irá exigir uma integração das novas TIC, principalmente como ferramentas pedagógicas efetivamente a serviço da formação do indivíduo autônomo.

•Campos emergentes de pesquisa e de práticas como a andragogia, a mídia-educação, a educação a distância e a comunicação educacional podem vir a contribuir inestimavelmente para a transformação dos métodos de ensino e da organização do trabalho nos sistemas convencionais, bem como para a utilização adequada das tecnologias de mediatização da educação.

4) Mediatização: da Tecnologia à Comunicação Educacional

•Mediatizar significa, codificar as mensagens pedagógicas, traduzindo-as sob diversas formas, segundo o meio técnico escolhido, respeitando as características técnicas e as peculiares de discurso do meio técnico;
•Significa incluir desde a seleção e elaboração dos conteúdos, a criação de metodologias de ensino e estudo;
•centradas no aprendente, voltadas para a formação da autonomia, a seleção dos meios mais adequados e a produção de materiais, até a criação e implementação de estratégicas de utilização destes materiais e de acompanhamento do estudante de modo a assegura a interação do estudante como sistema de ensino;

5) Novos professores, outros alunos
• Do livro e do quadro de giz à sala de aula informatizada e on line a escola vem dando saltos qualitativos;
• nossos alunos já não são os mesmo, “estão em outra”, são outros, têm uma relação diferente com a escola;
• “modos de aprendizagem mediatizada”, que considera dois principais componentes dessa nova pedagogia: a utilização das tecnologias de produção, estocagem e transmissão de informações e o redimensionamento do papel do professor;
• ser produtor de mensagens inscritas em meios tecnológicos, destinadas a estudantes a distância, e como usuário ativo e crítico e mediador entre estes meios e os alunos;
• é fundamental encarar as tecnologias como ferramentas, como meios, o que inclui as máquinas, mas também os programas, e, sobretudo, os saberes, instrumentos intelectuais e verbais;
• o professor terá que aprender a trabalhar em equipe a transitar com facilidade em muitas áreas disciplinares;
• imprescindível quebrar o isolamento da sala de aula convencional e assumir funções novas e diferenciadas. O professor terá que aprender a ensinar a aprender.

sábado, 28 de junho de 2008

Socinfo

O que é o programa?


O Programa Sociedade da Informação é resultado de trabalho iniciado em 1996 pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Sua finalidade é lançar os alicerces de um projeto estratégico, de amplitude nacional, para integrar e coordenar o desenvolvimento e a utilização de serviços avançados de computação, comunicação e informação e de suas implicações na sociedade. Essa iniciativa permitirá alavancar a pesquisa e a educação, bem como assegurar que a economia brasileira tenha condições de competir no mercado mundial.

Quais são seus objetivos/metas?

Seu principal objetivo é alavancar o desenvolvimento da Nova Economia em nosso País, acelerando a introdução das tecnologias da Sociedade da Informação no ambiente empresarial brasileiro.
As metas consistem em contemplar um conjunto de ações para impulsionar a Sociedade da Informação no Brasil em todos os seus aspectos: ampliação do acesso, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à pesquisa e o desenvolvimento, comércio eletrônico, desenvolvimento de novas aplicações.

Quais são as suas propostas para a área da educação?

Suas propostas partem dos pressupostos de que a educação como o elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado e parte considerável do desnível entre indivíduos, organizações, regiões e países deve-se à desigualdade de oportunidades relativas ao desenvolvimento da capacidade de aprender e concretizar inovações.
O programa traz o entendimento de que educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar as pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação: trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os indivíduos para “aprender a aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica.

De que forma pode-se relacionar a pedagogia com as questões propostas pela Socinfo?

Apoiando aos esquemas de aprendizado, de educação continuada e a distância baseados na Internet em redes, mediante fomento a escolas, capacitando os professores, valorizando a auto-aprendizagem e certificando-os em tecnologias de informação e comunicação em larga escala; implantando reformas curriculares que visam o uso de tecnologias de informação e comunicação em atividades pedagógicas e educacionais, em todos os níveis da educação formal.

Referência:
http://www.sbc.org.br/p_d/livroverde.html

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Conclusão dos Seminários

Sociedade industrial:
Visava o resultado, a produção;
empresa: seu próprio mundo;
profissional com dedicação exclusiva e uma só atividade;
para ter sucesso profissional, investia-se nos cursos superiores, títulos, domínio de língua estrangeira, conhecimento em informática.

Sociedade da informação:
Visa também o resultado, mas com um diferencial: qualidade da produção;
mundo globalizado;
profissional polivalente, capaz de atuar e intervir na empresa como um todo;
hoje, além do sucesso profissional, dos cursos superiores, títulos, dentre outros, a aprendizagem comportamental faz a diferença. O profissional precisa apresentar linguagem verbal e corporal, empatia, postura e ética;
o trabalhador precisa ter uma visão crítica, ser audacioso e criativo.

Referência:
LOPES, Izolda... [et al.]. Pedagogia empresarial: uma nova visão da aprendizagem nas organizações. Rio de Janeiro: o autor, 2006. p31-32

Documentos de Identidade – Uma Introdução ás Teorias do Currículo

O Fim das Metanarrativas: o Pós-Modernismo
O pós-modernismo não representa, uma teoria coerente e unificada, mas um conjunto variado de perspectivas, abrangendo uma diversidade de campos intelectuais, políticos, estéticos, epistemológicos. Questiona os princípios e pressupostos do pensamento social e político estabelecidos e desenvolvidos a partir do Iluminismo. Razão, ciência, racionalidade e progresso constante, na perspectiva pós-modernista, são precisamente idéias que estão na raiz dos problemas que assolam nossa época. Têm importantes implicações curriculares, nossa noção de educação, pedagogia e currículo estão solidamente fincadas na Modernidade e nas idéias modernas. Seu objetivo consiste em transmitir o conhecimento cientifico, em formar um ser humano supostamente racional, autônomo e democrático. Através desse sujeito que se pode chegar ao ideal moderno de uma sociedade racional, progressista e democrática.

O pós-modernismo tem uma desconfiança profunda à pretensões totalizantes de saber do pensamento moderno, em sua perspectiva social moderna busca elaborar teorias e explicações que sejam as mais abrangentes possíveis (único sistema). No jargão pós-moderno, o pensamento moderno é particularmente adepto das “grandes narrativas”, das “narrativas mestras”, expressão da vontade do domínio e controle dos modernos. O pós-modernismo questiona as noções de razão e de racionalidade, que ao invés de levar ao estabelecimento da sociedade perfeita do sonho iluminista, levaram o pesadelo de uma sociedade totalitária e burocraticamente organizada (sistemas brutais e cruéis de opressão e exploração). Também coloca em dúvida a noção de progresso, que na visão pós-modernista não é algo necessariamente desejável ou benigno (resultado em certos subprodutos claramente indesejáveis).

Filosoficamente, o pensamento moderno é estreitamente dependente de certos princípios considerados fundamentais, últimos e irredutíveis, baseados nalguma noção humanista de que o ser humano tem certas características essenciais, as quais devem servir de base para construção a sociedade. No jargão pós-modernista, esse pensamento é qualificado como “fundacional” e que não nada que justifique privilegiar esses princípios em detrimento de outros. O pós-modernismo é radicalmente antifundacional.

O pós-modernismo ataca o sujeito racional, livre, autônomo, centrado e soberano da Modernidade, pelo qual o sujeito está soberanamente no controle de suas ações: ele é um agente livre e autônomo, guiado unicamente por sua razão e por sua racionalidade, está no centro da ação social e sua consciência é o centro de suas próprias ações. É unitário: sua consciência não admite divisões ou contradições e seguindo Descartes, ele é identitário, sua existência coincide com seu pensamento. Aproveitando de várias análises contemporâneas (psicanálise e o pós-estruturalismo) o pós-modernismo coloca em dúvida essas questões. Para o pós-modernismo, o sujeito não converge para um centro, supostamente coincidente com sua consciência, ele é fundamentalmente fragmentado e dividido, não é o centro da ação social. Ele não pensa, fala e produz: ele é pensado, falado e produzido. É dirigido a partir do exterior: pelas estruturas, pelas instituições, pelo discurso. Enfim, o sujeito moderno é um ficção.

O pós-modernismo tem um estilo que tudo se contrapõe à linearidade e à aridez do pensamento moderno. Privilegia:
pastiche, a colagem, a paródia e a ironia;
a mistura, o hibridismo e a mestiçagem – de cultura, de estilos, de modos de vida;
inclina-se para a incerteza e a dúvida;
no lugar das grandes narrativas e do “objetivismo”, prefere o “subjetivismo” das interpretações parciais e localizadas;
rejeita distinções categóricas e absolutas, como “alta” e “baixa” cultura;
dissolvem-se também as rígidas distinções entre diferentes gêneros: filosofia e literatura, ficção e documentário, textos literários e argumentativos.

As instituições e os regimes políticos que tradicionalmente encarnam os ideais modernos do progresso e da democracia parecem crescentemente desacreditados. A ciência e a tecnologia já não encontram em si próprias a justificação de que antes gozavam. O cenário é claramente de incerteza, dúvida e indeterminação.

Nesse contexto, parece haver uma incompatibilidade entre o currículo existente o pós-moderno. Ele é a própria encarnação das características modernas, é linear, sequencial, estático. Sua epistemologia é realista e objetivista. È disciplinar e segmentado. Está baseado numa separação rígida entre “alta” e “baixa” cultura, entre conhecimento científico e conhecimento cotidiano. O problema não é apenas o currículo existentes, é a teorização crítica da educação e do currículo que segue, em linhas gerais, os princípios da grande narrativa da Modernidade, ainda dependente do universalismo, do essencialismo e do fundacionalismo do pensamento moderno.

Referência:
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Autêntica: Belo Horizonte, 2005.




terça-feira, 24 de junho de 2008

Modernidade ou Pós-Modernidade: Cenários da Transformação.

A PEDAGOGIA NO EMBATE ENTRE MODERNISMO E PÓS-MODERNIDADE

Estudos recentes têm discutido as ligações entre Pedagogia e modernidade, destacando o atrelamento do discurso pedagógico corrente à visão iluminista da educação, avaliando possibilidades de incorporação de temas da pós –modernidade e buscando práticas pedagógicas alternativas.

Segundo Giroux (1993), a teoria e a prática educacionais vigentes estão estreitamente ligadas à linguagem e aos pressupostos do modernismo. A pós-modernidade sinaliza mudanças, dentro de uma continuidade, em direção a um conjunto de condições sociais e estaria reconstituindo o mapa social, cultura e geográfico do mundo e produzindo novos prardigmas de crítica cultural. Ele ainda apresenta as interpretações de dois autores: Lyotard e Jameson.

Para Lyotard, o pós-modernismo designa um movimento de rejeição das grandes narrativas, das teorias globalizantes, das filosofias metafísicas. Vivemos num mundo sem estabilidade, em que o conhecimento está constantemente mudando, sem necessidade de uma visão teleológica da história, isto é, sem superteorias que definam ao finalidade da história humana, a autonomia, o destino do homem, etc.


Para Jameson, o pós-modernismo é visto como expressão da lógica cultural do capital, um estágio do chamado capitalismo tardio. Refere-se tanto a uma teoria social (questionamento, crítica da visão do modernismo) quanto a um conjunto emergente de condições sociais, culturais e econômicas que caracterizam a era do capitalismo e do industrialismo global.

Juntando os dois autores e outros, algumas características da condição pós-moderna:
1) Ponto de vista filosófico: rejeita idéia mestras formuladas no âmbito do Iluminismo e da tradição filosófica ocidental. Criticam também uma elite intelectual que se julga vanguarda dos movimentos sociais, como se fossem donos do destino da sociedade. Argumentam em favor de uma pluralidade de vozes e narrativas, em torno de demandas de novos atores sociais.


2) Ponto de vista econômico: desconcentração do capital, com a internacionalização dos mercados; transformações técnico-cientfíficas – expansão da força de trabalho dedicada ao trabalho não-manual; intelectualização, demandando mão-de-obra mais qualificada.

Referência:
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? São Paulo: Cortez, 2002.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Reestruturação Produtiva: Acumulação Flexível e Sociedade da Informação

Principais mudanças sociais, políticas e econômicas
· Computador: libertação do trabalho rotinizado;
· Economia totalmente da informação;
· A informação nasce com o conceito de fundamental, de peso;
· Considerada como “moeda de troca”, em função da 2ª Guerra Mundial, as transformações posteriores, como o computador, tem a capacidade de lidar com a informação;
· O advento do computador, processa e armazena dados, virando informação;
· Nasce na década de 40: grande evolução do computador – capacidade de criar uma civilização invisível;
· Para alguns autores, o computador vem para controlar e desqualificar o trabalho do sujeito;
· Reestruturação produtiva, adequar ao mercado, globalização e neo-liberalismo, redes de informação, ajuda a flexibilizar, produção flexível “just in time”;
· 1973, crise do petróleo, Guerra Fria;
· flexibilidade: acumulação, leis trabalhista, mercado instável;

Antecedentes
Diante do esgotamento do modelo de acumulação fordista, surgiu então um novo modelo cuja principal característica é a flexibilidade do capital, dos produtos, dos mercados e do processo de trabalho.
De acordo com Harvey (1994), o novo modo de acumulação, chamado de “acumulação flexível”, se caracteriza pela “crescente capacidade de manufatura de uma variedade de bens e preços baixos em pequenos lotes, permitindo uma aceleração do ritmo da inovação do produto, ao lado da exploração de mercados restritos altamente especializados e de pequena escala, o tempo de giro reduzido drasticamente pelo uso de novas tecnologias produtivas (robótica) e de novas formas organizacionais.

Este leque de mudanças tem uma diversidade de experimentações e trajetórias: o modelo japonês – Toyotismo, modelo sueco – Volvismo, modelo italiano – “terceira Itália”. Todos caracterizaram-se por grandes invações tecnológicas na produção, pela presença do capital flexível e principalmente por novas relações entre o capital e a força de trabalho e por fusões de empresas para intercâmbio de tecnologia, produtos e recursos humanos.

Referência:
KUMAR, Krishan. Da Sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna. Novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 1997.

sábado, 21 de junho de 2008

Taylorismo e Fordismo: o Paradigma da Produção em Massa

Segunda Revolução Tecnológica
A partir de 1894, presencia-se um boom (grande explosão) de inovações que marcam a Segunda Revolução Tecnológica do capitalismo (Segunda Revolução Industrial) caracterizada pela utilização da energia elétrica e dos motores a combustão como energia motriz. A produção passa a ter uma base técnica eletromecânica. O uso da eletricidade veio proporcionar uma forma de energia bem mais constante e confiável para o funcionamento dos equipamentos fabris que as existentes anteriormente (a energia a vapor, por exemplo). Isso possibilitou capacidades ampliadas das máquinas e ferramentas empregadas até então e a inauguração da época da produção em massa no início do século XX, quando neste contexto aparecem os “regimes de acumulação”: o taylorismo e o fordismo. (1)

Conceitos iniciais
. Regime de acumulação: “descreve a estabilização, por um longo período, da alocação do produto líquido entre consumo e acumulação; ele implica alguma correspondência entre a transformação tanto das condições de produção com das condições de reprodução de assalariados.” Um sistema particular de acumulação pode existir porque “seu esquema de reprodução é coerente”. (op.cit)

. Modo de regulamentação social e política: “uma materialização do regime de acumulação, que toma forma de normas, hábitos, leis, redes de regulamentação etc. que garantam a unidade do processo, isto é, a consistência apropriada entre comportamentos individuais e o esquema de reprodução, como um corpo de regras e processos sociais interiorizados.”(Op.cit)

. Áreas de dificuldade num sistema econômico capitalista
- qualidades anárquicas dos mercados de fixação de preços: pelo alto grau de descentralização, os produtores precisam coordenar as decisões de produção com as necessidades, vontades desejos dos consumidores necessitando de uma ação coletiva do Estado e das instituições sociais, políticas, religiosas, sindicais, patronais e culturais;
- necessidade de exercer suficiente controle sobre o emprego da força de trabalho: para garantir a adição do valor na produção e, portanto, lucros positivos para o maior número possível de capitalistas; conversão da capacidade de homens e mulheres de realizarem um trabalho ativo num processo produtivo cujos frutos possam ser apropriados pelos capitalistas; a produção de mercadorias em condições de trabalho assalariado põe boa parte do conhecimento, das decisões técnicas, bem como do aparelho disciplinar, fora do controle da pessoa que de fato faz o trabalho; o processo de familiarização dos assalariados com o trabalho tem que ser renovado com a incorporação de cada nova geração de trabalhadores à força de trabalho.

Taylorismo
Frederick Winslow Taylor (1856-1915) propôs , em seu livro Princípios da Administração Científica, um novo tipo de administração fabril. Percebeu que havia uma porosidade” (dispersão pelos poros) em um dia típico de trabalho, ou seja, que havia um grande número de movimentos desnecessários feitos pelos operários. Dividiu, então, cada tarefa em seus movimentos básicos componentes e pôs-se a buscar a maneira ideal (the one best way) de realizar cada movimento com o mínimo de perda de tempo e energia possível. Se antes cada trabalhador executava a rotina a seu modo, de acordo com sua experiência individual, Taylor propunha agora que a administração estudasse cientificamente o jeito mais eficiente de se realizar os movimentos e obrigasse o operário a trabalhar daquele modo, ou seja, as técnicas, a maneira de trabalhar, passavam do operário para a gerência. Marcado por conceitos como “parcelização”, “tempos alocados” e uma separação cada vez maior entre concepção e execução, proporcionaram grandes incrementos de produtividade. (1)

Fordismo
Henry Ford (1863-1947) fundador da Ford, criou a linha de produção em massa, sustentada pela padronização dos processos. Tal sistemática representou o aperfeiçoamento do conceito de produção em fluxo, desenvolvido no início do século XIX onde as máquinas seriam dispostas por ordem de seqüência de operações evitando-se o desperdício de tempo e energia no transporte das peças entre departamentos diferentes. O grande avanço da Ford foi ter introduzido este processo nas indústrias metalúrgicas com a adição de correias transportadoras. Se antes os trabalhadores carregavam as peças de uma máquina para outra, agora se limitavam a ficar sentados, trabalhando as peças, que chegavam até eles automaticamente, pelas correias transportadoras. O aumento da produtividade se deveu exatamente pelo fato de que o ritmo do trabalho deixava de se ditado pelo operário e passava a ser controlado pela gerência, que impunha a velocidade desejada à correia transportadora. (1)

. Distinção entre o fordismo do taylorismo: o que distingue o fordismo do taylorismo era a sua visão, seu reconhecimento explícito de que produção em massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista.

Fatores motivacionais para o estabelecimento do fordismo
. Miríade de decisões individuais, corporativas, institucionais e estatais, feitas ao acaso ou respostas improvisadas às tendências de crise do capitalismo, particularmente em sua manifestação na Grande Depressão dos anos 30;
. a subseqüente mobilização da época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) implicou em planejamento em larga escala e completa racionalização do processo de trabalho, apesar da resistência do trabalhador à produção em linha de montagem e dos temores capitalistas do controle centralizado;
. confusões entre as práticas ideológicas e intelectuais: a direita e a esquerda desenvolveram sua própria versão de planejamento estatal racionalizado como solução para os males a que o capitalismo estava exposto, em particular na situação dos anos 30. Lênin chegou a louvar a tecnologia de produção taylorista e fordista em sindicatos da Europa Ocidental a recusavam.

Principais impedimentos à disseminação do fordismo nos anos entre-guerras
. o estado das relações de classe no mundo capitalista não era propício à fácil aceitação de um sistema de produção que apoiava a familiarização do trabalhador com longas horas de trabalho rotinizado, exigindo pouco das habilidades manuais tradicionais, concedendo um controle quase inexistente ao trabalhador sobre o projeto, o ritmo e a organização do processo produtivo; os imigrantes aprenderam e os trabalhadores americanos eram hostis;
. a industria de automóveis européia permanecia em sua maior parte uma indústria artesanal de alta habilidade produzindo carros de luxo para consumidores de elite, sendo ligeiramente influenciada pelos procedimentos de linha de montagem na produção em massa de modelos mais baratos antes da Segunda Guerra Mundial;
. Modos e mecanismos de intervenção estatal: tentativas diversificadas em diferentes nações-Estado de chegar a arranjos políticos, institucionais e sociais que pudessem acomodar a crônica incapacidade do capitalismo de regulamentar as condições essenciais de sua própria reprodução, com a crise fundamentalmente na falta de demanda efetiva por produtos.

Maturidade do fordismo do pós-guerra até 1973 (crise do petróleo)
Principais mudanças
. o capitalismo alcança taxas fortes de crescimento econômico;
. os padrões de vida se elevaram;
. as tendências de crise foram contidas, a democracia de massa preservada;
. a ameaça de guerras intercapitalistas tornada remota;
. surto de expansões internacionalistas que atraiu inúmeras nações descolonizadas.

Motivos históricos
. ascensão de uma série de indústrias baseadas em tecnologias amadurecidas no período entre –guerras e levadas a novos extremos de racionalização na Segunda Guerra Mundial, constituindo uma força de trabalho privilegiada de uma demanda efetiva em rápida expansão;
. o Estado assumiu novos papéis e construiu novos poderes institucionais para controlar os ciclos econômicos com uma combinação de políticas fiscais e monetárias no período pós-guerra; fornecimento de um complemento ao salário social com gastos de seguridade social, educação, etc.;
reconstrução de economias devastadas pela guerra, na suburbanização, na renovação urbana, na expansão geográfica dos sistemas de transportes e comunicações e no desenvolvimento infra-estrutural dentro e fora do mundo capitalista avançado;
. domínio de um mercado mundial de massa crescentemente homogêneo que levou as indústrias americanas absorverem grandes quantidades de matéria-prima do resto do mundo não-comunista;
. o Estado assumiu novos papéis e construiu novos poderes institucionais para controlar os ciclos econômicos com uma combinação de políticas fiscais e monetárias no período pós-guerra; fornecimento de um complemento ao salário social com gastos de seguridade social, educação, etc.;
. o capital corporativo teve de ajustar as velas em certos aspectos para seguir com a trilha da lucratividade segura; compromisso com processos estáveis de mudança tecnológica, investimento de capital fixo, melhoria da capacidade administrativa na produção e no marketing e mobilização de economias de escala mediante a padronização do produto;
. o trabalho organizado teve de assumir novos papéis e funções relativos ao desempenho nos mercados de trabalho e nos processos de produção;
. a derrota dos movimentos operários radicais que ressurgiram no período pós-guerra que preparou o terreno político para os tipos de trabalho e de compromisso com a produção; por causa da submissão dos sindicatos frente a pretensa infiltração comunista e a adoção de uma atitude cooperativa no tocante ás técnicas fordistas de produção em troca de benefícios e ganhos reais salariais.

Progresso internacional do fordismo
Significou a formação de mercados de massa globais e a absorção de um novo tipo de capitalismo fora do mundo comunista. Representou a abertura do comércio internacional com a globalização da oferta de matérias-primas geralmente baratas (em particular no campo da energia). O novo internacionalismo trouxe no seu rastro outras atividades econômicas e uma nova cultura internacional fortemente apoiada nas capacidades de reunir, avaliar e distribuir informação. Tudo isso sob o guarda-chuva hegemônico do poder econômico e financeiro dos Estados Unidos, baseado no domínio militar. O dólar transformou-se na moeda-reserva mundial e vinculou o desenvolvimento do mundo à política fiscal e monetária norte-americana.

Desigualdades e contrapontos do fordismo
. falta de acesso ao trabalho privilegiado da produção em massa, gerando os movimentos sociais de reinvidicação;
. etnocentrismo dos brancos e discriminação das minorias não brancas, levando à critica aos sindicatos que corriam o risco de ser reduzidos, diante a opinião pública, a grupos de interesses fragmentados que buscavam servir a si mesmos, e não objetivos gerais;
. problemas sociais enfrentados pelo Estado: queda da condição de fornecimento de bens coletivos que dependia da contínua aceleração da produtividade do trabalho;
. crítica dos consumidores: pouca qualidade de vida num regime de consumo de massa padronizado;austera estética funcionalista; aridez suburbana;
. críticas da esfera internacional: insatisfeitos do Terceiro Mundo que tinham destruídas a suas culturas locais, opressão e formas de ganho capitalistas exploratórias em detrimento do padrão de vida a não ser para as elites nacionais constituídas.

Referências:
(1) VARIA HISTÓRIA. Fordismo, pós-fordismo e perestroika soviética. Departamento de História. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, UFMG. Belo Horizonte. n. 1. 1985

HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 13 ed. São Paulo: Loyola, 2004. p. 118-134.

A Divisão Social e Técnica do Trabalho

A divisão do trabalho é o princípio fundamental da organização industrial e nenhuma sociedade antes do capitalismo subdividiu sistematicamente o trabalho de cada especialidade produtiva em operações limitadas. Esta forma de divisão do trabalho torna-se generalizada apenas com o capitalismo.

Segundo Herskovits, de modo geral, não há divisão de tarefas dentro dos ofícios, e sim um diferenciação que se deve muito ao papel dos sexos, que de acordo com Marx é a divisão social do trabalho – divisão de acordo com o ofício. Assim, a divisão social do trabalho é aparentemente inerente característica do trabalho humano tão logo ele se converte em trabalho social, isto é, trabalho executado na sociedade e através dela. Contrariamente a esta divisão geral ou social do trabalho é a divisão manufatureira do trabalho, que é o parcelamento dos processos implicados na feitura do produto em numerosas operações executadas por diferentes trabalhadores.

A divisão do trabalho na sociedade é característica de todas as sociedades conhecidas, já a divisão do trabalho na oficina é produto peculiar, da sociedade capitalista. A primeira, divide a sociedade entre ocupações, cada qual apropriada a certo ramo de produção, a segunda destrói ocupações consideradas neste sentido, e torna o trabalhador inapto a acompanhar qualquer processo completo de produção. Enquanto a divisão social subdivide a sociedade, fortalece o indivíduo e a espécie, a subdivisão da parcelada do trabalho subdivide o homem e quando efetuada com menosprezo das capacidades e necessidades humanas, é um crime contra a pessoa e contra a humanidade.

A divisão do trabalho na produção começa com análise do processo de trabalho, ou seja, com a separação do trabalho da produção em seus elementos constituintes - produção de grande quantidade de produto, de modo que se economize o máximo de trabalho e tempo. Métodos que sempre foram comuns em todos os ramos e ofícios, e representam a primeira forma de parcelamento do trabalho, satisfazendo, essencialmente, senão plenamente, as 03 vantagens econômicas fundamentais resultantes da divisão do trabalho dadas por Adam Smith em sua famosa análise no primeiro capítulo de A Riqueza das Nações:

· 1º aumento da destreza de cada trabalhador individualmente (especialização do trabalhador);
· 2º economia de tempo que em geral se perde passando de uma espécie de trabalho a outra;
· 3º invenção de grande número de máquinas.

Na divisão do trabalho, as operações são separadas umas das outras como são atribuídas a diferentes trabalhadores. Temos no caso, não a análise do processo de trabalho, mas a criação do trabalho parcelado, que depende da escala de produção: sem quantidades suficientes é impraticável. Cada passo representa uma poupança no tempo de trabalho.

O efeito dessas vantagens é realçado pelo “princípio de Babbage”, formulado meio século depois de Adam Smith por Charles Babbage, matemático inglês, em 1832. Ele observou que, se a oficina fosse reorganizada de forma que cada operário passasse a executar a totalidade da sequência de operações, o salário pago a esses homens seria determinado pela habilidade mais difícil ou mais rara que fosse exigida por toda a sequência. Com a divisão do trabalho, todavia, só era preciso pagar a quantidade necessária da habilidade. Por isso, além das vantagens de produtividade citadas por Smith, Babbage reconhecia o princípio da limitação das habilidades como base no pagamento.

O princípio de Babbage é fundamental para a evolução da divisão do trabalho na sociedade capitalista. Ele exprime não um aspecto técnico da divisão do trabalho, mas seu aspecto social. Traduzido em termos de mercado, isto significa que a força de trabalho capaz de executar o processo pode ser comprada mais barato como elementos dissociados do que como capacidade integrada num só trabalhador.

Na mitologia do capitalismo o princípio de Babbage é apresentado como um esforço para “preservar perícias escassas” ao atribuir a trabalhadores qualificados tarefas que “só eles podem desempenhar”, e não desperdiçar “recursos sociais”. È apresentado como uma “carência” de trabalhadores qualificados ou pessoas tecnicamente instruídas, cujo tempo é mais bem utilizado “eficazmente” para benefício da “sociedade”. O modo capitalista destrói sistematicamente todas as perícias à sua volta, e dá nascimento a qualificações e ocupações que correspondem às suas necessidades.

A força de trabalho converteu-se numa mercadoria. Suas utilidades não mais são organizadas de acordo com as necessidades e desejos dos que a vendem, mas antes de acordo com as necessidades de seus compradores que são, em primeiro lugar, empregadores à procura de ampliar o valor de seu capital.

Deste modo é dada uma estrutura a todo o processo de trabalho que em seus extremos polariza aqueles cujo tempo é infinitamente valioso e aqueles cujo tempo quase nada vale. Esta poderia até ser chamada a lei geral da divisão do trabalho capitalista. Ela modela não apenas o trabalho, mas também populações, porque a longo prazo cria aquela massa de trabalho simples que é o aspecto principal das populações em países capitalistas desenvolvidos.

Referências:
BRAVERMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista: a degradação do trabalho no século XX. 3ª ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1981.

DURKHEIM, Émile. Da Divisão Social do Trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

A Rede e o Ser

Ø A revolução tecnológica remodelou a base material da sociedade;
Ø O capitalismo sofre uma reestruturação;
Ø Acentuação de um desenvolvimento desigual: liberação paralela de forças produtivas da revolução informacional e a consolidação de buracos negros de miséria humana na economia global;
Ø Atividades criminosas globais e informacionais;
Ø Língua universal digital;
Ø Patriarcalismo atacado: os relacionamentos entre os sexos tornaram-se um domínio de disputas ao invés de esfera de reprodução cultural; redefinição fundamental de relações entre homens, mulheres, crianças , da família, da sexualidade e personalidade;
Ø Consciência ambiental: apelo político e manipulação prática das empresas;
Ø Crise de legitimidade dos sistemas políticos;
Ø Movimentos sociais fragmentados;
Ø Fundamentalismo religioso: maior força de segurança pessoal e mobilização coletiva ;
Ø Busca da identidade: coletiva, ou individual atribuída ou construída, torna-se a fonte básica de significado social, as pessoas se organizam com base no que elas são ou acreditam que são;
Ø As redes globais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e países;
Ø Fragmentação social: identidades específicas; dificuldade de compartilhar;
Ø Novo milenarismo: profetas da tecnologia; mal compreendida lógica dos computadores.

Referência:
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. ( A era da informação: economia, sociedade e cultura). São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 39-65.

Cibercultura

1. As tecnologias tem um impacto?
● A metáfora do impacto é inadequada
- “Impacto” das novas tecnologias da informação sobre a sociedade ou a cultura;
- Técnicas são imaginadas, fabricadas e reinterpretadas durante seu uso pelos homens, como também é o próprio uso intensivo de ferramentas que constitui a humanidade; é um ângulo de análise dos sistemas sócio-técnicos globais;
- Atividades humanas abrangem: pessoas vivas e pensantes, entidades materiais naturais e artificiais, idéias e representações;
- Impossível separar o humano do seu ambiente material, da parte artificial (idéias das quais objetos técnicos são concebidos, utilizados), nem dos humanos que inventam, produzem e utilizam; imagens, palavras;
- Três entidades: técnicas, cultura e sociedade;
- Tecnologia: produto de uma sociedade e de uma cultura;
- As verdadeiras relações não são criadas entre a tecnologia e a “cultura”, mas sim entre um grande número de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e interpretam de diferentes formas as técnicas.

“A técnica” ou “As técnicas”?
- As técnicas carregam consigo projetos, esquemas imaginários, implicações sociais e culturais bastante variados; utopias, interesses econômicos, estratégias de poder, toda gama de jogos dos homens em sociedade;
- Responde aos propósitos de desenvolvedores e usuários que procuram aumentar a autonomia dos indivíduos e multiplicar suas faculdades cognitivas;
- A interconexão mundial de computadores (a extensão do ciberespaço) continua em ritmo acelerado;
- Fim dos anos 90: laboratórios travam uma disputa de criatividade ao desenvolver agentes de software inteligentes ou knowbots;
- Dados a amplitude e o ritmo das transformações ocorridas, ainda nos é impossível prever as mutações que afetarão o universo digital após o ano 2000. Quando as capacidades de memória e de transmissão aumentam, quando são inventadas novas interfaces com o corpo e o sistema cognitivo humano (a “realidade virtual”), quando se traduz o conteúdo das antigas mídias para o ciberespaço (telefone, televisão, jornais, livros, etc.), quando o digital comunica e coloca em um ciclo de retroalimentação processos físicos, econômicos ou industriais anteriormente estanques, suas implicações culturais e sociais devem ser reavaliadas sempre.

A tecnologia é determinante ou condicionante?
- A emergência do ciberespaço acompanha, traduz e favorece uma evolução geral da civilização;
- Uma técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade encontra-se condicionada, não determinada por suas técnicas;
- Muitas oportunidades são abertas, e nem todas serão aproveitadas.
- Uma técnica não é nem boa, nem má (depende dos contextos, dos usos e dos pontos de vista), tampouco neutra (já que é condicionante ou restritiva, ). Não se trata de avaliar seus “impactos”, mas de situar as irreversibilidades às quais um de seus usos nos levaria, de formular os projetos que explorariam as virtualidades que ela transporta e de decidir o que fazer dela;
- Nenhum dos principais atores institucionais – Estado ou empresas – planejou deliberadamente, nenhum grande órgão de mídia previu, tampouco anunciou, o desenvolvimento da informática pessoal, o das interfaces gráficas interativas para todos, o dos BBS8 ou dos programas que sustentam as comunidades virtuais, dos hipertextos ou da Wold Wide Web, ou ainda dos programas de criptografia pessoal inviolável. Essas tecnologias, vieram de lugares inesperados para qualquer “tomador de decisões”;
- Um dos principais motores da cibercultura é a inteligência coletiva que constitui ao mesmo tempo Remédio para aqueles que dela participam e conseguem controlar-se em meio a seus turbilhões de "correntes" de informações e Veneno para os que não conseguem participar.

* A metáfora do impacto parece que pega a humanidade de assalto, quando na verdade, foram as próprias condições culturais, econômicas, sociais... que produziram a emergência do ciberespaço.


Referência:
LÉVY, Pierrre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. 2.ed. São Paulo: Editora 34, 2000. p.21-27

Sociedade da Informação e Educação

O artigo enfoca a instabilidade na relação com a fortuna (relação infortunada). Os ganhos de produtividade possíveis graças à informação e seus instrumentos, tornam as nações e pessoas ricas, mais ricas e privilegiadas. Os países e pessoas pobres não crescem porque ubutilizam os recursos da informação, pois estes não estão ao seu alcance. A brecha entre ricos e pobres tende a aumentar.

A dinâmica da sociedade golobal baseia-se na concentração de rendas e oportunidades e caso não se construam instrumentos para modificá-la, a exclusão infelizmente aumentará. A atual situação do Estado é de uma condição de fragilidade por causa do desmonte neoliberal. A escola pública talvez possa ser considerada como uma das últimas estruturas governamentais capaz de realizar uma intervenção social, pela ingresso no mercado de trabalho e propiciar às coletividades instrumentos de inserção social. Mas, também cabe-lhe o papel de questionar as regras do jogo e não somente responder às demandas de qualificação. Isto, implica em formar a capacidade de questionamento, de auto-aprendizado, de julgamento no cidadão criando instrumentos para se questionar o modelo de distribuição de renda proposto pelas grandes potências e aceito pelas elites nacionais.

Para a escola ser inclusiva, precisamos entender e situar os fundamentos da economia de mercado e como surgiu a globalização e o neoliberalismo. O capitalismo, segundo Marx, baseia-se no investimento da produção para produzir melhor e com o menor custo, visando a competitividade que se espelha nas atividades de vender muito e recuperar o custo da produção no lucro por unidade. Estas práticas levaram à conquista e o mapeamento de todo o globo terrestre (prenúncio da globalização). Num dado momento, os novos mercados findaram-se ou diminuíram bastante suas oportunidades. O sistema capitalista gestou mecanismos para lidar com as crises de superprodução: a guerra e a recessão econômica, objetivando a destruição das forças produtivas para posterior construção. A guerra foi a melhor opção, porque a recessão econômica pode levar o capitalista a perder a sua empresa conforme o tamanho da crise.

A guerra proporcionou ao sistema capitalista: o domínio do planeta e a resolução das disputas comerciais, disputa por novos mercados e conquista militar dos mesmos mercados. Apresentou algumas contradições: adesão de um terço da população do globo no pós-guerra à economia planificada e a coletivização das forças produtivas (países socialistas do leste europeu) deixando de ser um mercado disponível; a ampliação da capacidade de destruição devido a ampliação da capacidade tecnológica colocando em xeque a existência da humanidade.
A economia de mercado se desenvolveu historicamente pela perda da hegemonia da Inglaterra e da França na Europa e o acesso às antigas colônias deste continente. Houve o ascenso econômico até meados da década de 70, encerrando com a crise do petróleo nos fins dos anos 70 e anos 80. Os mecanismo para lidar com as novas questões do capitalismo foram o neoliberalismo e a globalização tendo como ferramenta valiosa a tecnologia da informação. O objetivo é a recolonização dos países de terceiro mundo pela via econômica e menos pela militar. (pg. 10)

Um dos sustentáculos da economia global é a especulação financeira. O capital financeiro é a parte do lucro que o capitalista (dono do capital) toma para si e para o seu bem-estar. Passou depois a emprestar o excedente monetário para outros capitalistas poderem financiar as suas produções. A especulação financeira pode significar a total falência econômica ou a conquista de novos mercados pela transmissão de capitais de um lugar a outro, assim, ocorreu a intervenção dos Estados Nacionais nos mercados financeiros visando a sobrevivência das economias, porque os capitais começaram a fluir de uma economia para outra rapidamente num mercado global. (pg.10-11)

O Neoliberalismo foi reinventado para lidar com as crises econômicas. Os países precursores foram a Inglaterra e os Estados Unidos retomando conceitos econômicos do século XIX que pregavam a ausência total do Estado nos mercados. Uma das suas conseqüências negativas é que a abertura total das economias para o capital levou setores produtivos de economias menos desenvolvidas a serem riscadas do mapa pela entrada de produtos importados, conseqüentemente o fenômeno da globalização se tornou um mecanismo para a abertura de economias fechadas e de empresas estatais às grandes potências. (pg. 11)

“O que é fundamental nessa estrutura industrial bem ao estilo de uma teia, é que ela está disseminada pelos territórios em todo o globo e sua geometria muda constantemente no todo e em cada unidade individual”. (apud, pg. 12 – CASTELLS, 1999, p.114)


O autor compara a sociedade da informação com o livro de Aldous Huyley intitulado “Admirável Mundo Novo” (1931) que trata de uma fábula futurista relatando uma sociedade completamente organizada sob um sistema científico de castas. Nela não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento. A servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química e ortodoxias; e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono (www.urutagua.uem.br/ru10). A informação passou a ser um instrumento basilar na busca pelo lucro e as ferramentas informacionais ajudam a trafegar a informação com a conotação de valor econômico. (pg. 12) Nisso, houve reduções de custos pela aplicação intensiva da informação e o deslocamento de poder. Os instrumentos de geração de riquezas se deslocam para os segmentos da economia que se utilizam intensivamente da informação. Vários setores sociais entraram rapidamente em uma perigosa dinâmica de obsolescência funcional.

Repetiu-se as manifestações do deslocamento de poder de todas as transformações econômicas anteriores: das sociedades nômades para as agrárias e a disputa pela terra; da revolução industrial que deslocou o homem do campo para as cidades e da sociedade da informação que deslocou o poder da indústria para a sociedade informacional. Esta última transformação gerou o aumento de profissões relacionadas ao intensivo uso da informação, constituindo uma “elite informacional” e de outro lado o aumento de atividades com pouco uso da informação e pouco valor econômico, empregos precários, pouco remunerados e com quase nenhuma garantia social.

Nesse sentido, o capital, reserva à escola, mais uma vez, o papel de formadora de mão-de-obra, porém ao se deslocar do viés tecnicista e profissionalizante, pode fazer das tecnologias digitais instrumentos que possibilitem grandes transformações nas relações de ensino e aprendizagem. As necessidades educacionais devem vir antes da indústria da informática e sua necessidade de vendas.Antes de tudo, o grande desafio colocado para a escola pública é a subordinação das ferramentas informacionais ao projeto político-pedagógico que se constrói dentro das mesmas. É a partir do projeto político-pedagógico que podemos tecer os fundamentos de para quê e como aplicar a tecnologia. (pg. 18)

O caminho para a construção de uma sociedade mais igualitária, em tempos de sociedade de informação, é o caminho de uma escola que represente a possibilidade de construção e reprodução de uma política em que os valores sociais sejam o tema central; o elo de continuidade cultural, de transmissora e construtora de cultura, não perpetuando a lógica invertida em que as vítimas de exclusão são postas pelo capital como as responsáveis pela sua própria exclusão. (pg. 18)
O autor afirma que a partir da informação, podemos ampliar as possibilidades da palavra aprender, e este aprender, desde que subordinado às necessidades do homem, pode realmente mudar o mundo, como já o fez tantas vezes. (pg. 20)
Referência:
BRITO, Vladimir de Paula. Sociedade da informação e educação. Belo Horizonte, p. 6-21, dez.2001. Disponível em http://www.pbh.gov.br/ > Acesso em 24/02/2008.

O Renascimento da Teoria Pós-Industrial

Rótulos como boatos podem adquirir vida própria. Pespegados ao discurso intelectual não constituem exceção. Suficientemente enraizados podem pautar a realidade, ou pelo menos, a realidade acadêmica. Podem criar todo um ambiente de indagação crítica para os mais variados tipos de pessoas que se rotulam ou são rotulados como por exemplo, “os persuasores ocultos”, “a elite do poder”, “a sociedade afluente”, “a sociedade tecnológica”, “a multidão solitária”. (KUMAR:13)
Nota: pespegar: dizer, contar (mentira) como se fosse verdade; impingir, aplicar. Aurélio.

Na década de 1960 e princípio da de 1970, vários sociólogos formularam uma interpretação da sociedade moderna que rotularam de teoria da sociedade pós-industrial. O mais conhecido proponente foi Daniel Bell, sociólogo de Harvard, na forma exposta em seu livro The Coming of Post-Industrial Society (1973) que significa A vinda ou O advento da sociedade pós-industrial. Também houve uma grande circulação das idéias do pós-industrialismo com outros livros e teóricos como Peter Drucker e seu livro The Age of Discontinuity (1969) que significa A era da discontinuidade; e Alvim Toffler com O choque do futuro(1970). Nestas obras, convidaram o público do Ocidente a preparar-se para a transição em direção a uma nova sociedade, tão diferente da sociedade industrial quanto esta fora antes da agrária.(idem, pg.13)

Os antecedentes históricos ao surgimento destas teorias residem no advento de um novo estado de espírito no mundo ocidental em seguida ao choque do petróleo de 1973 denotando a impressão de que o pós-industrialismo vencera. Os debates de fins da década de 1970 pareciam travar-se sobre os limites do crescimento, sobre a contenção – e não a exploração – do potencial dinâmico do industrialismo. Tratavam do recrudescimento dos conflitos distributivos à medida que as sociedades industriais deixavam de ser capazes de fornecer compensações a despeito do aumento do crescimento, contrapondo ao estado de otimismo da década de 1960 quando partidos de direita exploraram esse momento pregando uma volta aos valores e costumes “vitorianos” de esforço pessoal e laissez-faire (deixai fazer). Pediam o abandono do planejamento central e da intervenção do Estado. (idem, pg.14)
Esses foram os aspectos mais óbvios da acomodação pós-1945 e principal premissa da teoria pós-industrial. Qualquer que fosse o futuro das sociedade industriais, elas pareciam ainda estar envolvidas com as mesmas dificuldades e dilemas que as haviam atormentado no passado. Várias formas novas da teoria pós-industrial estavam em desenvolvimento. Faltava a elas o otimismo confiante das variedades da década de 1960. Como produto tanto do pensamento da direita quanto da esquerda, previam grandes tensões e conflitos para o futuro. (idem, pg.14)

Sociedade da informação
As sociedades industriais haviam cruzado a linha divisória. O industrialismo clássico analisado por Marx, Weber e Durkheim não mais existia. A continuidade em relação à teoria pós-industrial é vista na interpretação da sociedade pós-moderna como a sociedade da informação de Daniel Bell. Para ele, o desenvolvimento da nova tecnologia da informação e sua aplicação potencial a todos os setores da sociedade revelava o aspecto mais importante da sociedade que privilegiava o conhecimento teórico, como fonte de valor, fonte de crescimento. A nova sociedade é hoje definida e rotulada por seus novos métodos de acessar, processar e distribuir informação. Nisso, está a transformação revolucionária da sociedade moderna. Essa teoria ajusta-se à tradição liberal, progressivista do pensamento ocidental. Reúne elementos do Iluminismo, racionalidade e progresso, eficiência e liberdade e dá prosseguimento à linha de pensamento iniciada por Saint-Simon, Comte e os positivistas. (idem,pg. 15)

Pós-fordismo
A visão das correntes de esquerda, de espectro ideológico marxista consideravam a idéia pós-industrial como a demonstração clara da fase final da ideologia burguesa. Alguns deles formularam sua própria versão da teoria pós-industrial que se manifestou sob a bandeira do pós-fordismo, baseada no conceito do desenvolvimento capitalista como motor de mudança, porém renovando o pensamento sobre a nossa época denominando-a de a era do “segundo divisor de águas industrial” por causa das diferenças entre as velhas e novas formas de capitalismo. (idem, pg.15)

Sociedade pós-moderna (pós-modernismo)
A terceira corrente é denominada de sociedade pós-moderna. O pós-modernismo acolhe todas as formas de mudanças cultural, política e econômica. Nenhuma delas é considerada o “vetor” privilegiado da pós-modernidade; a sociedade da informação e o pós-fordismo são agrupados como conceitos de fenômenos correntes. Possui uma característica de ser eclética e escorregadia, constituindo um círculo confuso de auto-referências. (idem,pg.16)

Referência:
KUMAR, Krishan. Da sociedade pós-industrial à pós-moderna: novas teorias sobre o mundo contemporâneo: tradução. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1997. p. 13-17.